Não sei se foi um bem
Só sei que me fez bem ao coração
Sofri, você também
Chorei, mas não faz mal
Melhor que ter ninguém no coração."
Só me fez bem
Edu Lobo e Vinícius de Moraes( primeira composição de Edu Lobo)
TANTAS MARÉS- O SHOW
Apesar de já ter algum tempinho que assisti este show
não posso deixar de comentá-lo.Embora com atraso
E tenho três boas razões para isto:
O show é muito bom,
E tenho três boas razões para isto:
O show é muito bom,
O show ainda está em cartaz pelo Brasil
Para finalizar tem o CD que é ótimo e vocês podem comprá-lo.
Ver este show foi uma experiência única, Sesc lotado, meu amigo Zé Ernesto como acompanhante e a gentileza de Neto, gerente do Sesc que nos cedeu um belo lugar.
COMENTÁRIOS DO SHOW, OS DETALHES PARA VOCÊS
A qualidade da musica de Edu Lobo vem de longe. Basta dizer que aos 19 anos, compunha sua primeira cancão em parceria com Vinícius de Moraes( Só me fez Bem ). Sua música mistura a Bossa Nova, os sons do frevo, do marácatu, do mar e de tudo que aprendeu entre Rio e Recife.
Vem de longe sua herança musical, de seu pai Fernando Lobo, passa pelo Maestro Heitor Villa lobos e Tom Jobim e tem suas raízes fincadas em solo brasileiro.
Neste show Tantas Marés, nome de seu último disco, desculpem o disco é hábito, conta sua história musical sem rodeios e nos conduz pelos caminhos por onde andou, as escolhas que fez, a obsessão com a qualidade e a paixão pela harmonia. está tudo lá, dito por ele e por seus parceiros e amigos que acompanharam sua trajetória. Música da melhor qualidade, de um compositor de obras definitivas.
Sempre houve na música de Edu Lobo certa melancolia, atenuada por vezes pela vivacidade dos ritmos nordestinos, em especial o frevo aprendido nas férias passadas em Recife. Tantas Marés o disco, é impregnado desta melancolia. Talvez por isso mesmo, Edu, temperou em cena seu canto triste com comentários bem humorados. Descontraído, ele entreteu a plateia com observações e causos engraçados enquanto desfiou seu rosário de pérolas novas e antigas. Seu canto triste se engrandece em cena. a sencação era que a que todo o público que encheu o teatro saiu de lá maravilhado pela oportunidade de assistir a um show de Edu Lobo, artista que tal qual seu parceiro e amigo, Chico Buarque, é habitualmente recluso e se apresenta pouco.
O REPERTÓRIO, BOM DE SE OUVIR
VENTO BRAVO abriu o show, o roteiro seguiu com o frevo NO CORDÂO DA SAIDEIRA. Edu Lobo revira memórias com certa nostalgia nas canções QUALQUER CAMINHO E CORAÇÃO CIGANO, destaques da safra nova.
O baião DANÇA DO CORRUPIÃO e o choro PERAMBULANDO ( uma homenagem a Tom Jobim ) já existentes no seu cancioneiro, recebem competentes letras de Paulo Cezar Pinheiro.
Porém, os grandes momentos do show, visto pelo entusiasmo da platéia, foram temas de tempos passados
CANTO TRISTE, foi um instante sublime pelo sentimento posto pelo autor em doses exatas. PRÁ DIZER ADEUS, também se confirmou grandiosa, com direito a bis e coro entusiástico da platéia.
A total cumplicidade com a banda foi testada em A HISTÓRIA DE LILY BRAUN, onde o sax de Carlos Malta dominou e mais tarde este mesmo músico se sobressaia novamente com flauta em PONTEIO.
O Circo Místico não podia ficar de fora com CIRANDA DA BAILARINA e BEATRIZ, as duas acompanhadas pelo coro da platéia, que a esta altura estava em êxtase.
BEATRIZ, num instante mais introspectivo, só piano e voz, mostrou o que sabemos há muito tempo, a grandeza melódica da obra de Edu Lobo.
Enfim um belo show de um compositor que precisa aparecer mais nos palcos, para que o público possa apreciar mais seu canto triste de constratante leveza.
Um acidente que resultou em uma fratura de braço e ombro fez com que Edu Lobo abdicasse do violão que toca magistralmente. Teve que cantar mais e se mostrar no palco, revelou-se o que sabíamos um excelente interprete que teve que mudar a sua postura tradicionalmente aliada ao violão e um banquinho( resquícios da Bossa Nova). Lula Galvão soube preencher com capacidade esta lacuna do violão e nós ganhamos um interprete com mais domínio do palco.
Voltar aos palcos principalmente em Santos.
Meu amigo Zé Ernesto me garantiu que a última vez que Edu esteve em Santos foi em 1975, junto de Gianfrancesco Guarnieri. 35 anos, não dá para esperar tanto tempo.
E, pelo que vimos a maré de Edu Lobo continua cheia.
A BANDA DE MESTRES
Edu Lobo chamou sua banda de a BANDA DE MESTRES e com razão, sob a lideranca do pianista, maestro e diretor musical Cristovâo Bastos. A banda incluia feras como Jurim Moreira (bateria), Alberto Continentino ( contrabaixo), Lula Galvâo (violão), Carlos Malta brilhante nos sopros e Mingo Araújo na percussão. O sexteto abrilhantou com eficiência a música de Edu Lobo, com espaço até para alguns improvisos, uma noite para ninguém esquecer.
CRISTOVÃO BASTOS, O MAESTRO E ARRANJADOR DOS MELHORES
Parceiro de Chico Buarque, Paulo Cezar pinheiro, Aldir Blanc, Paulinho da Viola, vem fazendo arranjos para show e discos de Nana Caymmi, Edu Lobo, Gal Costa entre outros. Fez os arranjos musicais do álbum Gal canta Tom Jobim, que resultou em belo show e dvd. Muita música que ouvimos nos dias de hoje tem o dedo de Cristovão Bastos.
A parceria de Cristovão e Chico nos deu uma única música, mas que música. Foi feita no intervalo da gravação do disco Francisco(1987) de Chico Buarque, onde o maestro era arranjador e diretor musical. Cristovão Bastos, mostrou uma melodia que havia composto e Chico gostou na hora, pediu para fazer a letra.Pedido concedido, Chico veio com a linda de letra de Todo o sentimento.
A canção começa assim:
" Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar
E urgentemente"
E mais para frente termina assim.
" Depois te perderTe encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu"
Para terminar a história, uma semana depois de entregue a letra, Chico Buarque interpelou Cristovão e perguntou: " Você gostou da letra?Não sei o que o Maestro respondeu, mas não fique preocupado Chico. Nós gostamos muito...
" Todo sentimento" virou trilha sonora da novela Vale Tudo da TV Globo, em 1988.
A BAILARINA NA CIRANDA
Quem entrou na ciranda do show foi a bailarina do Circo Místico, todos estavam com saudade dela.
A ciranda da bailarina fez sucesso com o público que cantou com Edu Lobo em coro.
Esta música nasceu para o projeto Circo Místico de Naum Alves. Em uma época dificil da nossa nação, com ditadura e censura era complicado fazer música. Chico Buarque letrista desta canção era especialmente perseguido. Os censores cismavam com tudo e com pequenas coisas, no caso de A Ciranda da bailarina foi com um "pentelho". Não permitiram que a canção saísse em disco com esta palavra.
" O padre também
Pode ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo muito tem pentelho Só a bailarina que não tem"
No disco não podia, mas em show quando Chico ou Edu
não cantavam a palavra,
o público enchia a boca: Todo mundo tem pentelho....
Ouvindo a música no show, lembrei que toda garotinha tem o sonho de ser bailarina, acho que por ela ser tão perfeita. Lembrei também de uma amiga que tinha este sonho e nunca teve oportunidade. Hoje nem que quisesse o joelho não deixa. Coisas da vida. Com esta canção espero compensar este sonho.